O dia amanheceu com chuva, que não durou nem até metade da manhã. Fiz meu passeio favorito para os sábados, desci a Lima e Silva, dobrei a esquerda na rua da República, atravessei a João Pessoa e pronto, estava no parque da Redenção. Caminhei debaixo das árvores, aproveitando o cheiro de molhado, aquele cheiro gostoso de terra e folhas, que me remeteu a um universo maravilhoso, não me sentia bem ao centro da capital, e sim na minha casa da infância, caminhado perto dos riachinhos, ouvindo os bichos animados com o ar fresco. Não tive bergamotas e laranjas para colher do pé, mas as comprei do outro lado do parque, na feirinha, os melhores produtos orgânicos, com cara de colhidos na hora, da horta e do pomar do mãe e do pai. Os abacates miúdos de cor roxa me lembraram os que colhia de uma tapera quando era criança. Comprei tudo que precisava, e voltei pelo meio do parque, pelo caminho mais longo, e vim vagarosamente, aproveitando o calor do sol e o meu bem-estar espiritual. Adoro a região que eu moro, adoro o apartamento que eu alugo, adoro minha janela, um dia os deixarei, mas as sensações que vivo, nunca me deixarão. Porque afinal, somos constituídos dessas pequenas experiências e sensações que vivemos, elas nos moldam, nos adaptam e nos conduzem.
sábado, 30 de junho de 2012
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