sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

Por que é tão difícil a felicidade?

E nos indagamos, por que é tão difícil a felicidade?

 

Freud em "Mal-estar na civilização " aponta três fontes de insatisfação e sofrimento humanos: a prepotência da natureza; a fragilidade de nosso corpo e a insuficiência de normas que regulam os vínculos humanos na família, no estado e na sociedade. As duas primeiras nos rendem ao inevitável reconhecimento que são fontes de sofrer e há pouco que possamos fazer para amenizar, pois não há como controlar o tempo, nem o envelhecimento do corpo, menos ainda os imprevistos a que estamos sujeitos. De posse desse conhecimento seu efeito não deve ser paralisante ao contrário, motivador! Não temos controle, o que pode ser pulsional e motivador para ação no campo do possível: não posso controlar a natureza, mas é possível ter consciência de preservação, de empatia e cuidado com universo, não há como controlar o envelhecimento, mas posso amar e cuidar meu corpo, não me referido a atrofia dos músculos, no esforço diário para fazer o que eles não foram originalmente criados para fazer, nem de enxertos para alimentar padrões sociais, o que na maioria das vezes vai gerar ainda mais sofrimento, visto que o modelo ideal é impossível de se alcançar. Falo do acolhimento de si, como ser frágil e transitório, se colocando frente ao social de seu modo, um modo único, flexível e amoroso de si. Quanto a terceira causa de sofrimento, a social, é preciso admitir que viemos fracassando em termos de contratos sociais, nosso narcisismo excludente e hostil nas relações, nos leva e ao outro para uma profunda insatisfação com a civilização. Insatisfação com o próprio grupo, inadmissível ousar desagradar alguém, mesmo que sem perceber e sem intenção, ao ser você mesmo, logo vira meme/tiktok/fofoca de ódio. E vamos falhando, enquanto rasgamos nossos contratos sociais pela falta de empatia e narcisismo gritantes. A civilização falha, no micro, no macro e julga, se ocupa de julgar e se julgar se tornando tão ou mais hostil que alguns dogmas antigos de fé. Uma vida mais simples acolheria, uma vida mais empática e a consciência que não temos controle de nós, nem do outro e está tudo bem, podemos conviver, com arte, moda, com cálculos, pois há algo que nos liga, que é o mesmo desejo da felicidade, tendo caras e caminhos distintos para cada um. Ocupe-se de si o resto acolha, observe e deixe ir.

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