domingo, 22 de novembro de 2020

Mulheres sábias

 É um lindo domingo de primavera, e recebi muitas fotos de flores da minha mãe, fotos de parreiral do meu pai, carregadas de memórias e sentimentos. No meu domingo, paz e mantras, enquanto ainda leio "A ciranda das mulheres sábias" de Clarissa Pinkola Estés, a mesma autora do "Mulheres que correm com Lobos", que também já li e aliás recomendo. E foi então, que visualizei algumas das tantas mulheres sábias que perpassaram o meu destino, e o quanto cada uma me moldou e me ensinou, quando o sentimento de desamparo bateu, e ele bate! Ah, sim! Qual mulher nunca se sentiu perdida, cansada e insegura, sem saber para onde seguir? Bom, nesses momentos é sempre bom ter a mulher sábia por perto, aquela que já despertou e vai poder te indicar o caminho, pois ela já o percorreu, já tem a marca  da batalha vencida, ou perdida, mas já o conhece. É preciso aprender a reconhecer a mulher sábia a volta, e distinguir daquela que ainda não despertou, aprender a ouvir a mulher sábia do seu interior. Não importa onde ou como estamos vivendo, a chama dourada da sabedoria está lá, em cada mulher, ela pode despertar ou não,  contentar-se com o vazio de uma vida posta para ela, ou escolher rasgar-se e remendar-se até que se permita brilhar com a chama dourada da mulher sábia. No fundo sabemos distinguir o tom de voz da mulher sábia quando ela chega, o sussurro de seus conselhos que algumas vezes não dizem o que  queremos ouvir. A mulher sábia pode ter te ensinado como ser ou como não ser, como bater a maionese, ou o que não falar para os "homens" de si,  como agir no trabalho, ou o que vestir para namorar, quem sabe apenas ter te dado uma receita de bolo ou chá, você pode ter usado os conselhos ou simplesmente descartado.
  A mulher sábia se passa pela mulher comum ao teu lado, para entregar o recado no momento certo, no momento que você precisa e está pronta para receber. Quantos recados dela deixamos escapar todo dia! Sem dar permissão para que ela se aproxime o suficiente para que possamos ouvi-la. A mulher sábia não necessariamente é uma velha, mas pode ser, embora a mulher sábia nunca envelheça, pois o que a move não conta tempo, o que a move está além. Ela já fez a viagem por sua própria sombra e se conhece, e se reconhece na outra mulher sábia quando a vê, elas  trocam, elas conversam, suas cicatrizes vão ter semelhanças, e uma sempre estará disposta a carregar a outra nos braços quando for preciso. Fico imaginando se a mulher sábia em mim, já começa a despertar, e fico agradecendo cada sussurro das que vieram antes de mim, e me indicam o caminho, nunca me indicaram o caminho mais fácil, mas sempre aquele que eu precisava percorrer. E assim permanecerá, como foi com àquelas que vieram antes, e seguirá com as que ainda virão, mas somente com as que estiverem dispostas a se aproximar o suficiente para ouvir seus sussurros de sabedoria, porque a mulher sábia passa discretamente, embora jamais despercebida. 

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