quinta-feira, 8 de abril de 2010

Uma esposa à moda antiga

Algumas vezes, penso que gostaria ter optado em ser uma mulher/esposa daquelas à moda antiga, aquelas do grupo das noveleiras, conhecedoras das melhores marcas de produtos de limpeza e dos segredos para uma boa faxina, das técnicas para desencardir azulejos, ou mais ainda, das que nunca deixarão encardir um azulejo. Não tão conhecedoras de receitas, mas que fazem todo dia a mesma hora a janta da família, servem a mesa, lavam a louça. Das com paciência para ouvir o marido falar, sem contrariar a opinião. Uma dócil, frágil esposa, das que liga e pede gentilmente " querido preciso dinheiro para pagar o leite". Claro não teria chegado aos 30 anos sem ter filhos, entraria ainda no grupo das que levam e buscam os filhos da escola, certamente nesse intervalo, aprenderia a bordar toalhas de rosto com perfeição. As flores do jardim nunca ficariam murchas, os calçados teriam lugar certo para eles na casa. A cadela tomaria mais banhos. Pela manhã eu escutaria a Rádio Santiago e o horóscopo pela Rádio Santiago, usaria com maestria a minha máquina de costura, saberia pregar botões sem bolas de linha em baixo. Sentiria prazer em ir  à feira, não esqueceria os dias da coleta do lixo. Estaria no grupo das mulheres que seguem uma religião, conheceria a enfermeira do ESF perto da minha casa, varreria a calçada. Imaginem, eu estaria no grupo das que varrem a calçada! Na verdade, minha opções me fizeram essa mescla de pensamentos e atitudes. Tenho uma tatuagem no pescoço, não assisto novelas, não tenho filhos, odeiiiiiioo ir à feira, não varro calçada, faço algumas comidas maravilhosas, quando eu quero, a minha máquina de costura mora na caixa (acreditem eu tenho!), os meus azulejos estão muuuito encardidos, nunca sei quando passa o caminhão do lixo. Dedico minhas noites a teimosamente estudar, para concursos, para saber mais sobre as coisas do meu trabalho, para aprender outras que nem sabia que existiam, quero fazer um pós urgente, para não perder tempo para o mestrado, mas acho que fiz a graduação errada, acho que vou querer fazer uma outra. Enfim, deduzo que sou uma mulher apenas comum, buscando ambições, desejos, tento ser  um pouco de tudo,  ainda que nada em excepcional. Assim me faço feliz, consciente que sou o resultado de cada atitude que tomei e com toda certeza elas não me fizeram essa esposa à moda antiga.

2 comentários:

Isadora Minozzo disse...

Sinceramente!? Quem quer ser uma esposa à moda antiga?
Houve um tempo em que ser assim era motivo de alegria. Bom...isso é o que ouço falar.

Posso opinar de mim, de hoje. Não quero ser uma esposa à moda antiga. Não sei mais viver sem as frustações do trabalho, sem as angústias da faculdade, sem a interrogação sobre quando ficarei rica (se é que algum dia ficarei). Não serei uma esposa à moda antiga. Na verdade, nem sei se quero ser esposa. Quero apenas ter motivação para seguir, para buscar e melhorar e crescer... quero levar o mundo à frente, mesmo que ele esteja desmoronando aos meus pés. E, talves um dia eu pense em me tornar uma esposa. Mas uma esposa moderna sem dúvida. Não esperem que eu varra as calçadas...

Luciane disse...

Ai Elis...eu sou quase uma esposa a moda antiga!!!! hahahahahaah
falta pouco.
beijoooo
Lu

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