Coisas de Elis - Por Elis Minozzo
terça-feira, 5 de março de 2024
quarta-feira, 27 de outubro de 2021
Sobre as muitas vidas de uma vida
Muitas vidas numa só vida, disse certa vez, e de algum modo virou mantra, que ajuda a marcar o ritmo da caminhada;
Lá se vão os anos, floreiras desabrocham e murcham, derrubam sementes, que em dias úmidos, se permitem germinar, de novo florescem, sempre flores, nunca as mesmas, sempre belas;
Lomba a cima, lomba a baixo, por vezes reclama do sol quente, noutras se delicia com a brisa fresca, segue andando, o caminho nunca é o mesmo, dependente do lado que se volta o olhar, para cima, para baixo, para os carros, para os jardins, para o céu, para os fios de eletricidade, para seus próprios pés. Respira! Alívio, hoje é dia de brisa, acho que é primavera;
De tempos em tempos, o caminho fica desconfortável, nem se deu conta, é verão então? O grau dos óculos mudou, não se vê mais o que se via, não há mais floreiras, o chão está poeirento, o sol queima demais, e as brisas foram substituídas pelo abafado úmido que gruda na pele, repugnando, quase asco;
E se o caminhante já não for o mesmo? É bom que refaça a rota, pensa depressa!
É urgente, um novo caminho, semeia, rega sem cessar, é trabalho árduo, e olha só! Já está pronto, agora com muito mais árvores, tem mais sombra, então o chão é mais úmido, a grama cresce, as flores se mantém...
Segue, segue, logo ali, será outono, e depois inverno, e o grau dos óculos vai mudar de novo, e no caminho, verá o que ainda não vira, porque já não é o mesmo, tem novos olhos, novos ouvidos, pode ser que use mais rosa agora, ou mais azul, ou verde água, importa que traçou nova rota, refez a estrada e criou nova vida.
Agora, apenas seja paciente com a brotação.
sábado, 31 de julho de 2021
Quando dor se refaz em poesia - 14 de julho fim de um ciclo com o incêndio no Prédio da Secretaria de Segurança Pública - RS
sábado, 17 de abril de 2021
Vazios e excessos
"No esvaziamento dos meus excessos, falta-me tempo;
Falta-me tempo para o sofrimento tão justo que careço;
O tempo de ouvir a intuição, de esperar a lágrima sentida cair;
A correria que me interpela, sorropia além do sorrir, o direito de sentir dor;
Já não se pode entristecer, não há tempo e nem motivo suficiente, para que se permita chorar;
A lágrima demorada, fora proibida, a cara sofrida abolida;
A regra é ser feliz, maquiagem e;
Bola pra frente se diz!
Nunca pensei que luxo seria, àquela mulher que ainda pudesse sentar e aguardar, uma doce e quente lágrima rolar."
Coisas de Elis 17/04/19
sexta-feira, 25 de dezembro de 2020
Por que é tão difícil a felicidade?
Freud em "Mal-estar na civilização " aponta três fontes de insatisfação e sofrimento humanos: a prepotência da natureza; a fragilidade de nosso corpo e a insuficiência de normas que regulam os vínculos humanos na família, no estado e na sociedade. As duas primeiras nos rendem ao inevitável reconhecimento que são fontes de sofrer e há pouco que possamos fazer para amenizar, pois não há como controlar o tempo, nem o envelhecimento do corpo, menos ainda os imprevistos a que estamos sujeitos. De posse desse conhecimento seu efeito não deve ser paralisante ao contrário, motivador! Não temos controle, o que pode ser pulsional e motivador para ação no campo do possível: não posso controlar a natureza, mas é possível ter consciência de preservação, de empatia e cuidado com universo, não há como controlar o envelhecimento, mas posso amar e cuidar meu corpo, não me referido a atrofia dos músculos, no esforço diário para fazer o que eles não foram originalmente criados para fazer, nem de enxertos para alimentar padrões sociais, o que na maioria das vezes vai gerar ainda mais sofrimento, visto que o modelo ideal é impossível de se alcançar. Falo do acolhimento de si, como ser frágil e transitório, se colocando frente ao social de seu modo, um modo único, flexível e amoroso de si. Quanto a terceira causa de sofrimento, a social, é preciso admitir que viemos fracassando em termos de contratos sociais, nosso narcisismo excludente e hostil nas relações, nos leva e ao outro para uma profunda insatisfação com a civilização. Insatisfação com o próprio grupo, inadmissível ousar desagradar alguém, mesmo que sem perceber e sem intenção, ao ser você mesmo, logo vira meme/tiktok/fofoca de ódio. E vamos falhando, enquanto rasgamos nossos contratos sociais pela falta de empatia e narcisismo gritantes. A civilização falha, no micro, no macro e julga, se ocupa de julgar e se julgar se tornando tão ou mais hostil que alguns dogmas antigos de fé. Uma vida mais simples acolheria, uma vida mais empática e a consciência que não temos controle de nós, nem do outro e está tudo bem, podemos conviver, com arte, moda, com cálculos, pois há algo que nos liga, que é o mesmo desejo da felicidade, tendo caras e caminhos distintos para cada um. Ocupe-se de si o resto acolha, observe e deixe ir.
domingo, 22 de novembro de 2020
Mulheres sábias
terça-feira, 21 de julho de 2020
Cotidianos
sábado, 11 de abril de 2020
quinta-feira, 25 de abril de 2019
Minha vida hoje, é jardim comum, com flores e espinhos, aprendi a desviar do espinhos e não me preocupar com os elogios ou críticas a brotação. Floresço todas as manhãs, desabrocho com a luz do sol. Se lágrimas escorrem de meu rosto elas irão regar minhas raízes e torná-las mais resistentes. Muitos observam e jogam novas sementes, outros fixam o olhar tentando murchar as pétalas. Mas o jardim foi fixado em solo fértil e apesar de enfrentar também climas ruins, ele floresce."
Coisas de Elis
sábado, 26 de janeiro de 2019
2018 - O ano que aprendi a andar de bici
Em março mergulhei no segundo semestre da faculdade de psicologia, no Instituto Metodista, com ênfase em Psicologia Social, atentem a esse detalhe! Ênfase na Social ( Direitos Humanos, Foucaut, Foucault, Foucault, Agamben, Spinoza e turma). Amei tudo, óbvio!
Mesmo março de 2018, último semestre da faculdade de Administração na ULBRA, foi o semestre que eu mais me perguntei:-"Por que mesmo eu estou fazendo essa faculdade?" Artigo de conclusão com o tema: Qualidade de vida no trabalho. Jura? Funcionária pública em 2018, falar sobre qualidade de vida no trabalho sem entrar em depressão profunda!
Abril foi o mês mais tenso, "eu não acredito que tenho que escrever esse artigo!" Mas sim tenho, quero a graduação, quero a titulação e acima de tudo provar que simmmm eu consigo! ( Elis sendo Elis).
Bunda na cadeira literalmente, e dedos no teclado. Muito vinho tinto, o outono e sua delícia de temperatura. Sábados intensos, de pesquisa e produção, bagunças acumuladas na casa, pó acumulado nos móveis, menos receitas novas na "Cozinha da Elis".
Maio! Quem vai formatar essa "P....." desse artigo! Quem faz, quanto custa, ahhhh quer saber quem vai formatar, euuuu! Euzinha mesmo, afinal sou professora de português, né!
Adotei a duras penas, um conceito novo pra mim, o de "suficientemente bom", contrariando minha obsessão por "melhor possível beirando perfeito".
No outro extremo: estágios de psicologia, visitas às instituições, conceitos de "instituição total", "medicalização da vida", a história do Hospital Psiquiátrico São Pedro, o tumulto numa galeria na visita do Presídio Central (Cadeia Pública de Porto Alegre), o grupo de estudos LGBTs nas prisões...
Metade do ano! Artigo aprovadíssimo, semestre de Psico concluído com sucesso, FÉRIAS!
Caos! Eu não aguento mais trabalhar, o universo está me escravizando! Férias do trabalho então e aulas para dar no curso de formação da SUSEPE. Gente nova chegando, esperança, renovação, sempre me faz bem. Não dessa vez, não foi suficiente! Porque eu faço 40 anosssss em agosto e já é agosto e a minha formatura também é em agosto!
Reviravolta - Cortei o cabelo, fiz luzes e deixei voltar a cachear! Vontade imensa de comemorar, de viver, festa de 40, mulherada só e apenas mulherada da "P..." no Valen!!!
Formatura na ULBRA, lindaaaa, pizzaria depois, espumante e sensação de eu sou fodástica! Sairam 5 toneladas das minhas costas, sou livreeeee, agora uma pessoa normal que trabalha e faz 1 (uma) faculdade a noite.
Mas peraí, que papo é esse feminasi? Feminista é feia, feminista não se depila! Direitos humanos é coisa de esquerdista! Vegano? Tudo maconheiro! Funcionário público? Mamador! Tudo petê! E foi assim que me descobri: feminista, peluda, feia, petista, maconheira e mamadora, nas palavras dos "amigos" de redes sociais e da família.
Aí, lembrei da música da Jojo! Que tiro foi esse!
O estágio nesse semestre é em Mindfulness, então...
Deixa pra lá, já era o último domingo do ano, a Redenção estava vazia (graças a Deusa kkkk), fiz o cadastrinho no bike Poa, e com ajuda, incentivo e força para equilibrar a bike, comecei as tentativas pelo parque.
Exausta, e até o momento com pouco sucesso, deitei na grama sobre a canga, ao lado da bici, e então vi meus monstros internos, grudados nela, todos os meus nãos da infância, os meus nãos da vida, todas as vezes que quis coisas possíveis e não me permiti, todas as culpas incutidas, estavam rindo ao meu lado.
Foi aí que tentei novamente e determinada! Como tudo que se faz com determinação, eu andei! O equilíbrio necessário, atingido, não com perfeição, mas o necessário para andar. O vento de dezembro de 2018, batia no meu rosto, e me libertava das angústias sufocadas, das vontades reprimidas e medos assombradores, deixa partir, deixa ir, já não me servem mais.
E assim foi em 2018, que andei de bici pela primeira vez! E um 2018, que encerrei vendo os fogos no Gasômetro e revoltada com o banner da chaminé (mais um sinal de esquerdiopatia?).
Ps: Ainda me depilo.
Ps: Mas porque EU quero.
sexta-feira, 19 de outubro de 2018
DEUS SEGUNDO SPINOZA
A QUINTA VIDA DE ELIS
Num primeiro momento, pensei em excluir o blog, já que tanto tempo se passou, sem que eu escrevesse. E como tenho mudado tanto, o que é per...
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Eu tive por toda a infância uma imagem do anjinho da guarda, como essa acima. A mãe sempre contava a história de um vendedor de quadros que ...
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RESENHA CRÍTICA Psicanálise com Crianças COSTA, Teresinha. Psicanálise com crianças. 3ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2010. 88 p. 1 ...