Saltam pelas janelas os raios ensolarados, uma tarde de agosto, de vento frio e sol morno. Estou gripada, e com leve ardência nos olhos e nas narinas, pode ser pela gripe, ou pela fumaça da reunião de ontem ao redor do borralho. Política discutida junto ao fogo de chão, assim é Capão do Cipó, a cidade onde a vida me lançou e me fez amar. Aprendi a sonhar com o povo daqui, meus sonhos futuros os incluem, até quando a vida me deixar ficar.
Aqui vivo em paz, com minhas modernices e cafonices, com meus idealismos e imediatismos. No canto do vento lembro as brincadeiras da infância. Os esconderijos ao sol, as bergamoteiras, o açúde; uma certa vez que pesquei mais lambaris que todos os meus primos; da cabana na beira da sanga, sinto vontade de reconstruí-la, era coberta com folhas de bananeira as quais mancharam todas as minhas roupas. Mas cá estou: em Capão do Cipó, rodeada de falas políticas, de projetos futuros, de articulações. Sob o mesmo sol e o mesmo vento dos agostos de minha infância, sendo a mesma criança, brincando de ser feliz.
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